quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Conhecer o Olimpo mas sem tirar os olhos do Hades


O Sporting fez um excelente jogo. Sim, trememos no fim (já vamos lá), mas o jogo foi sempre nosso. Chegar à casa do Olympiacos e jogar aquela 1ª parte e, na 2ª parte, fazer com não exista jogo até aos 65/70 minutos, é de equipa grande.
Se fiquei surpreendido? Claro que sim! Se acreditava que era possível apresentar este nível? Sim, acreditava.

O 11 estava bem montado (já o banco...). Sendo um jogo com espaço, Doumbia era uma opção óbvia. Eu via o jogo na televisão e os jogadores não se encavalitavam. Sendo inteligentes e tendo técnica e rapidez, havia muito espaço para explorar. Foi o que fizemos. Jogámos longe da nossa baliza (zero ocasiões do adversário na 1ª parte), mas com muito campo para ocupar. 
Um William imperial (a nossa saída de bola foi sempre de grande qualidade), um Battaglia a preencher bem os espaços, aliada à técnica de Bruno Fernandes (que achado...), traziam a equipa para a frente, onde a velocidade e rapidez de execução do trio da frente levavam a bola para a cara do golo.
Foram 3 golos. Mas podiam (e deviam) ter sido mais...

Cá atrás, os Coates e Mathieu estavam seguros e frescos (assim como Piccini - bom jogo!), e sabiam o que fazer com a bola (e isso é tão importante numa equipa que quer ganhar - que lance de Coates no 3º golo!). Já Jonathan, mais nervoso (mas com bons pormenores que deixam alguma esperança que pode ainda crescer), parecia destoar um pouco do resto (antevendo o que seriam os 5 minutos finais).

A 2ª parte, até aos 60/65 minutos, correu como tinha de correr. Relógio a andar, trocas de bola, posse e Olympiacos longe da nossa baliza e desejoso que o jogo acabasse. Os adeptos começavam a abandonar o estádio e os 3 pontos estavam mais que garantidos.


"A ganhar 3-0 ao intervalo, na segunda parte o jogo tinha de ter sido mais fácil. Os jogadores do Sporting foram atrás do jogo, mas foram «enganados» porque a ganhar 3-0 aos 89' nada pode prever que podemos levar dois golos, mas o futebol é isto. Podiam ter saído daqui com um resultado histórico, exibição brilhante, e não souberam aproveitar as facilidades na segunda parte.

(...)

...fizemos muito bem na 1ª parte e na 2ª já não tivemos intensidade defensiva e intensidade a sair com bola, quisemos um ataque posicional parado, sem dinâmica, e assim pões-te a jeito." - Jorge Jesus (final do jogo)


Epá, ó Jorge Jesus... Quem se pôs a jeito foste tu! Aos 60m, tanto Acuña como Bruno Fernandes já só batiam bolas longas (para fora). William já não podia com tudo (não tinha a quem entregar) e Battaglia não podia ir pressionar à frente (Acuna e B. Fernandes já não faziam isso), e guardar atrás. Ok, meteste o Dost. Dou-te essa de borla. Mas tirar o Gelson, deixando Acuña e Bruno Fernandes? Colocar o B. César (ok, concordo), mas na direita? A entrar, tinha de ir para a esquerda, até para apoiar o Jonathan (que estava bem na 2ª parte). Tu tiraste a bola ao Sporting. De repente, os 20 minutos finais, demoraram a passar. Não pode ser.
A equipa estava confortável, tu mexeste no equilíbrio. Acredita, eles não estavam adormecidos, estavam a controlar.
Não colocar Iuri Medeiros nos 18 é algo inexplicável... Mais uma vez, o banco estava mal construído.. Sim, claro, o Alan estava lá..
Querias dinâmica? À custa de quem? B. César, Petrovic, Dost e Alan Ruiz? Onde ficaram Iuri e Podence? Queres dinâmica e tiras o Gelson?
Então tu vês o problema e, em vez de o resolver, acentuas?
Ao tirar Gelson, deixaste o Piccini sozinho. Ao manter Acuña, deixaste Jonathan à sua sorte. Vê os golos deles.

JJ, houve tanto mérito teu nesta grande vitória e exibição (sim, foram 60m muito bons), como o demérito é teu na forma como se nivelou o resultado. Uma vez mais, mexeste mal no jogo, quer de forma tardia, ou trocando os jogadores errados. Temos de corrigir isto e só tu o podes fazer. O diagnóstico foi (bem) feito por ti. Resolve-o, sem manias.


Estas vitórias são muito importantes e fazem falta ao Sporting. Ver o meu clube, nas competições europeias, a ganhar fora e de forma tão clara, justa e autoritária é uma memória que tenho pouco presente. Sou capaz de me habituar a tão boa sensação.
Há muito trabalho pela frente. Festejar e, já, preparar o jogo de sábado. Se é para irmos "matando borregos", então que se continue e se consiga, finalmente, ganhar ao Tondela em Alvalade (eu vou lá estar, como sempre).

9 comentários:

Anónimo disse...

Bem visto amigo Leão. Jorge Jesus esteve bem mas também mexeu mal na equipa. Tudo o que aqui frisaste é verdade. Ok, o Gelson estava cansado mas não estaria mais o Acuna e o Bruno Fernandes? Também não percebi de o Iuri não estar no banco pois ele precisa jogar para ganhar o seu espaço e dar ao Sporting mais um jogador para entrar tanto por Gelson como por Acuna e sejamos sinceros, já não vejo o Bruno César a fazer isso-não tem velocidade, não aguenta uma carga, enfim...resta-lhe a experiência, o saber ter bola, etc!
Concordo portanto na análise, JJ mexeu mais uma vez tarde e mal e só tinha no banco jogares sem intensidade. Estes jogadores têm é jogar para ganhar essa intensidade e isso talvez com o Tondela ou para a Taça da Liga.

Vitória a águia disse...

Fdx,sempre a bater em Jorge Jesus e a querer fazer do Ruiz o mau da fita, querendo passar a ideia de que existem outros que são salvadores, embora ainda nada tenham mostrado para tal. Talvez ao invés de Cantinho do Morais isto se devesse chamar cantinho do Medeiros ou clube de fãs de quem ainda nada mostrou.

Adorei sobretudo a forma como se tenta dizer mal da saida do Gelson. Se não saisse e daqui a uns meses/semanas tivessem em baixo diria que foi culpa de JJ que o fez jogar sempre e não lhe deu descanso, um pouco como o filme do blog o ano passado com Adrien, William e Dost.

Como disse ontem és cá um Gil Vicente

Cantinho do Morais disse...

AmorSporting,

Não podendo tirar todos, a mim pareceu-me que Gelson era o menos cansado. JJ não entendeu assim e passou o jogo para o Olympiacos.
Há plantel para gerir melhor. São muitos jogos em pouco tempo e os índices físicos também ainda não são os melhores. Acuña, vem de um campeonato em andamento e jogos com as selecções. É normal o cansaço. Não o podemos levar ao limite.
E preocupa-me a má gestão e interpretação do jogo por parte do banco. E avisos não faltam..

SL

Cantinho do Morais disse...

Vitória a águia,

Tentarei ser mais simples no discurso, para ver se entendes.
Para não se repetir aquilo que mencionaste do Gelson (sim, na época passada até contra o Praiense tinha de ser titular), é que digo que jogadores como o Iuri (que tem sempre correspondido quando é chamado), são opções viáveis e têm de ser mais vezes utilizadas. Até para dar o tal descanso que Gelson, Acuña, B. Fernandes têm de ter. Um plantel é isso mesmo.
E, por pena minha, não creio que Alan Ruiz sirva para essa gestão (embora eu espero vê-lo em campo daqui a uma semana, na Taça da Liga, assim como Matheus Oliveira, Ristovski, Salin, Petrovic, B. César, André Pinto, etc).

E o "filme do blog", infelizmente, estava certo. Eu, pelo menos, não gostei da última época.

(Gil Vicente? Se não for o do Fiúza, obrigado pelo elogio - mas não o mereço)

Anónimo disse...

Mas já viu como as coisas mudam? O ano passado não tínhamos equipa/titulares e discutíamos quando eles chegariam-este ano já discutimos o banco o que é muito bom sinal!!
Realmente qq boa equipa precisa de um bom banco para rodar e ter outras soluções e JJ lá terá as suas ideias. Obviamente que para nós não são as mesmas neste caso em concreto não tirámos o Gelson e sim o Acuna ou o Bruno Fernandes.
No meu ver em quem eu apostava mesmo era no Iuri pois é o ala que poderá tanto substituir o Gelson como o Acuna sem oscilações na equipa. O B. César é muito lento e só o colocaria para ter posse de bola. Mas isto no meu ver que me parece diferente do de JJ. Depois e muitos dizem mal do Alan mas ele precisa é de jogar para fazer o que sabe e o que tem ainda de aprender. Não nos podemos esquecer que ele vem de uma lesão e é um jogador mais tecnicista do que rápido mas é um excelente jogador-em forma! Ontem por exemplo poderia ter entrado para conservarmos a bola mas JJ preferiu o B. César.
Talvez ele tenha pensado no jogo com o Tondela e não tanto no que a equipa precisaria de fazer mais no jogo não estragando muito é claro e aqueles golos penso que não tem a ver com as substituições. O problema era se estivéssemos a perder e as soluções não fossem as melhores.
Com mais jogos vamos ficar melhores e continuando a vencer é o que se quer!!
SL

RMSCP disse...

Um jogo com 2 partes muito distintas.

Na 1ª, jogámos quase sempre em transição que tem sido o nosso ponto forte esta época muito graças a Bruno Fernandes. Classe incrível e timing perfeito quando solta a bola. Defensivamente também estivemos muito bem e gostei muito da concentração de todos os jogadores.


A 2ª parte foi horrível. Tivemos mais bola no início uma vez que o Olympiakos deixou de pressionar à maluca mas nunca conseguimos fazer nada com ela. O nosso jogo em organização foi muito fraco.

Mais uma vez, quando é preciso que os laterais façam algo mais do que "não estorvar" nota-se o quanto banais estes são. Aliás é por isso que eu disse no post anterior que a nível de plantel continuamos com graves deficiências. A nossa defesa suplente é muito fraca. Ainda por cima, 2 dos titulares são jogadores muito frágeis fisicamente (Coentrão e Mathieu) e provavelmente vão ficar muitos jogos de fora.

Defensivamente, fomos abaixo muito devido ao cansaço de muitos jogadores. Bruno Fernandes, Acuña e Gélson completamente arrebentados. Também não percebi as substituições. O mais importante, para mim, teria sido substituir Bruno Fernandes uma vez que joga no corredor central. O Podence creio que ainda está lesionado mas onde estava o Iuri?


Enfim, continuo algo céptico em relação a este Sporting. Temos tido bons resultados mas parece-me que a nível de organização ofensiva (que é para mim o ponto mais essencial numa equipa como o Sporting) ainda está a faltar muito trabalho. Veremos como correm os próximos jogos.

Cumps

Cantinho do Morais disse...

RMSCP,

de facto, a nível de suplentes, a nossa defesa está mal servida. Vamos ver o que vale Ristovski, esperar que Mathieu e Coentrão aguentem (e que A.Pinto e Jonathan conseguiam geri-los). Até Coates não é um exemplo de frescura física.
Mas para eles descansarem, é preciso que JJ mexa melhor na equipa. O jogo tem de estar longe da nossa defesa. Ontem, ao mudar mal o ataque, trouxe a equipa deles para cima de nós.

Os bons resultados dão tempo e espaço para trabalhar e melhorar. Temos de aproveitar isso (algo que não tivemos na época passada).

SL

JG disse...

O Sporting tem mais talento do que na época transacta - Bruno Fernandes e Mathieu, sobretudo, nas suas áreas de influência, mas atmbém Acüna, que conjuga talento com combatividade em doses elevadas - jogadores para diversos tipos de jogo - o ano passado não tinhamos nenhum avançado como Doumbia. Tem ainda, no que ao talento concerne, o acréscimo de Iuri e Podence, sendo que o treinador sempre que puder - e pode muitas vezes, ou quase sempre - descartá-los-á.Mostra-nos o passado recente e não precisamos de recorrer à triste história de JJ neste domínio. Temos ainda Battaglia, que nas funções para que tem capacidades é um bom reforço, Petrovic, que pode ajudar a gerir o plantel e em jogos nos quais importa gerir o resultado e controlar o jogo, acrescenta a sua altura e domínio da bola ao centro do jogo. Temos o João Palhinha que apesar do plano de estudos a que deve estar a ser sujeito, leva dois anos de primeira liga e é bom jogador, fiável, de não se deixar intimidar com o ambiente.
Não estamos bem apetrechados nas laterais e tão pouco no centro. Faltam opções.
Porque razão neste quadro tão interessante - melhorado pelo Vídeo árbitro, mesmo que alguns erros sempre aconteçam - há tanto ruído e tantos sportinguistas stressados com as oscilações da equipa, que já nos pregou vários sustos depois de jogos que tiveram tudo para ser manifestações de poderio?
Porque JJ, ao contrário do que muitos de nós desejávamos, parece nesta fase da sua carreira mostrar alguma dificuldade para colocar a equipa a controlar o jogo, a retirar ao adversário qualquer possibilidade de a ele voltar depois de sofrer dois ou três golos. A equipa parece mover-se a golpes de talento e abdicar das ideias colectivas que eram a imagem de marca das equipas do míster. Não será completamente justa esta análise já que a saída em contra-ataque, com precisão e eficácia, como nos três primeiros golos na Grécia mostra muito trabalho de preparação por trás, muito treino. JJ tem falhado na forma como altera a equipa e nas opções que faz. Parece a muitos de nós que não só não é justo - não escolhe os melhores, nem aqueles que nas curtas aparições mostram estar à altura - como erra regularmente quanbdo intervêm, quer porque actua tarde, quer porque actua mal.
O jogo na Grécia foi o último em que isso aconteceu.
Não me parece que a coisa vá melhorar. Jesus vai espremer alguns jogadores - Acuna acima de todos - até ao tutano e quando ele já não puder com uma gata pelo rabo irá continuar a jogar ... o que puder. Os "alternativos" arrastar-se-ão entre o banco e a bancada e irão jogando uns míseros minutos. Iuri acima de todos, que para o míster o rapaz não dá para mais e há ainda o Alain Ruiz e o Bruno César, jogadores do míster, cultos tacticamente.(Devo dizer que aprecio o brasileiro e que considero que foi uma boa contratação).Mas outros terão o mesmo destino.
Este tipo de prsonalidade não parece ter capacidade para mudar. As coisas irão correr assim. Se continuarmos a ganhar tudo tenderá a permanecer numa calma conveniente. Se um destes dias um adversário conseguir aproveitar as nossas fragilidades, aí a coisa irá tender a mudar.
A disponibilidade dos sportinguistas para com treinadores que deitam pela borda os talentos da formação é muito pequena e Jesus não vai conseguir alterar essa relação.

Cantinho do Morais disse...

Grande comentário, JG.
De facto, quem vê o Sporting a jogar bem, percebe o óbvio: JJ é um grande treinador e trabalha muito a equipa.

No entanto, há o outro lado.. A forma como menospreza o talento dos jogadores, a forma como espreme muitos deles até à exaustão, a tendência em óbvias más escolhas, mexer mal a partir do banco e uma cegueira que o impede de reconhecer erros e limitações.
Com ele, estamos perto de Vencer. Mas, também com ele, sabemos que isso pode não acontecer. Esta leitura é um pouco esquizofrénica, mas as equipas dele também são assim. Espero estar a ser claro.
B. César foi uma excelente contratação e é óbvia a sua presença nos 18. Não pode é ser o nº12. A evolução do plantel também se vê aí. Já não devíamos depender tanto do B.César.
O segredo do nosso sucesso estará, esta época, em JJ. Agora depende dele.

SL