quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dar e receber


Ponto prévio:
É com grande agrado e orgulho que não vejo, até à data, qualquer envolvimento institucional por parte do Sporting Clube de Portugal no denominado "Processo Queiroz". Estar presente como testemunha abonatória do distinto "Professor" (como no caso de dirigentes máximos de outros clubes), seria uma demonstração de fraqueza e falta de amor-próprio que o Sporting revelaria, face a alguém que já humilhou o clube, primeiro, enquanto funcionário e, posteriormente, quando agrediu verbalmente o então Presidente, Filipe Soares Franco. Ajudar o "Professor", nesta altura, seria como receber em nossa casa, de braços abertos, quem já faltou ao respeito ao nosso (mais que) roupeiro Paulinho (ups, isso foi algo que já fizemos...). Se, por um lado, a presença do Presidente do SLBenfica corresponde ao seu ataque pessoal a Madaíl e a Luís Horta (ainda os estilhaços do doping de Nuno Assis), já a presença do Presidente do FCPorto acarreta outro tipo de causas.


Vejamos:
Pinto da Costa e Carlos Queiroz estão numa sequência de pagamento de favores que ambos vão realizando em prol da carreira individual de um e do sucesso desportivo de outro. Desde que Vitor Baía foi autorizado a não ir ao Mundial de Riade, em virtude de deixar (ainda mais) órfã uma baliza nortenha, que Pinto da Costa tem o "Professor" demasiado em conta. Uma relação de mútuo respeito foi crescendo, cimentada pela grande compra de Anderson (30 milhões de euros). O esplendor máximo é atingindo recentemente. Queiroz é colocado no comando da Selecção com condições nunca antes vistas num seleccionador. É inegável a felicidade de Pinto da Costa e de toda uma imprensa nortenha, principalmente porque Queiroz iria substituir um treinador que nunca sentiu a mínima atracção por um poder podre vindo do Norte, que manipula, descredibiliza e destrói o futebol português há cerca de 30 anos. A colocação de Queiroz tem o dedo de Pinto da Costa, ficando o "Professor" com objectivos a cumprir. A presença de Beto (em detrimento de Patrício e/ou Quim) e de Raul Meireles, após época desastrada e inconsequente (em detrimento de Moutinho) na convocatória do Mundial é o primeiro de muitos favores.

Aliás, a própria ausência de Moutinho é o maior exemplo dos favores feitos por Queiroz ao seu progenitor. A ausência de Moutinho do Mundial desvaloriza o jogador, retirando-o da montra internacional. Se após uma época a nível de clube muito desastrosa, o passe de Moutinho iria descer drasticamente, bem como o número de eventuais interessados, imagine-se como ficaria o seu preço se tivesse fora do Mundial. Desta forma, sabendo que o Sporting tinha urgência em vendê-lo, a margem de negociação que este teria seria muito menor. O favor de Queiroz vai ao encontro da intenção de Pinto da Costa contratar esse "jogador à Porto" e do novo rumo, "em busca de títulos", que Moutinho procurava. Assim sendo, acreditando que a transferência está acertada desde da época transacta (quando se noticiou encontros entre ambos, na cidade do Porto), era fácil prever o fim da história.
Início da época, ausência de propostas, Moutinho pressiona para sair e surge o Porto, como salvador de um enredo sem resolução. Pinto da Costa e Moutinho sorriem, Sporting acena, inocente, ao dinheiro que tanta falta faz e todos ficam contentes.
A fragilidade do Sporting nesta história, apanhado numa teia da qual queremos acreditar que não fez parte (dar o benefício da dúvida a Costinha), é gritante. A pouca utilização de Veloso, Mendes e Liedson e a chamada de Ruben Amorin em detrimento de Moutinho, são o exemplo que o Sporting não era uma das prioridades queirosianas no Mundial da África do Sul.

Face aos objectivos cumpridos por Queiroz, a Pinto da Costa não lhe restava outra solução do que defender o seu subalterno neste processo disciplinar. A sua intervenção junto dos jornalistas "beija-mão", mencionado "o ridículo" do caso, chegando ao ponto de mencionar o caso Freeport, o processo Casa Pia e a candidatura ao Mundial 2018 (tocando no coração dos portugueses), revela a sua inteligência e a importância que tem para si, e para o FCPorto, a manutenção do "Professor" no cargo que ainda ocupa. As próximas convocatórias serão o espelho da gratidão do "Professor" por tamanha gentileza do dirigente portista. Jogadores excluídos do Mundial serão agora figuras "da nova geração" que nos tentará levar ao Euro 2012. Não será difícil perceber que Moutinho será um desses rostos.

O domínio da selecção nacional voltou a virar-se para o reino dos clubes. Após um interregno com Scolari (onde, curiosamente, se atingiu as melhores performances a nível de selecção nacional), o seleccionador volta a ser um "fantoche" na mão dos mais influentes. Os resultados estão à vista. Queiroz, como outros antes dele, irá cair, embora com bolsos cheios, mas com uma carreira oca de desportivismo, profissionalismo e sucesso. Pinto da Costa, após ter usado e abusado deste lacaio, irá arranjar outro, para prolongar o seu domínio. O Sporting está fora desta corrida e jogo. Não fará mossa. Mas há outro gigante que se julgava moribundo e que, aos poucos, vai aplicando as estratégias que vingam no nosso futebol há 30 anos. Pinto da Costa pode contar para guerra com o Benfica e Luís Filipe Vieira, guerra essa onde um dos grandes danos colaterais será (como sempre) o Sporting Clube de Portugal.

Até quando?

2 comentários:

@oel@ disse...

Bom post....
É uma teoria com muita conspiração mas não deixa de ter fundamento.

@Leo@

Anónimo disse...

Embora Benfiquista só posso estar ao seu lado nesta sua opinião! Como aliás a maioria dos benfiquistas! Basta fazer um zaping pela blogosfera e verá a azia que a atitude de LFV nos causou!
Pena é, que durante 30 anos os nossos clubes se tenham vergado às manigâncuas e diatribes do corrupto do norte, ora aliando-se a um contra o outro, ora o contrário, conforme os seus interesses. Dividir para reinar foi o lema, que tantos e bons frutos deu para aquelas bandas!