Vou começar por algo que tem tido pouco destaque (ou nenhum) na comunicação social e em todos aqueles programas desportivos que enchem os canais de TV (que começam na sexta-feira e terminam lá para quarta-feira):
- O Sporting jogou com 6 portugueses a titular;
- O Sporting, no total do jogo, utilizou 8 portugueses;
- O Sporting iniciou o jogo com 6 jogadores da formação;
- O Sporting utilizou 7 jogadores da formação (e ainda havia mais um no banco - Dier) no jogo;
Isto em vésperas de jogos da Selecção Nacional deve ser mencionado. E no total de tantos jogadores portugueses utilizados, ainda assim o Sporting só tem 3 jogadores convocados para a Selecção (e só um tem reais hipóteses de jogar - Patrício).
Ontem o Sporting alcançou mais uma vitória para a Liga, o que lhe permite disputar a próxima jornada, na casa do líder, com reais hipóteses de sair lá em 1º lugar (ou em 3º, caso perca esse jogo e o Benfica vença o seu. Sim, esse Benfica que dizem estar em crise mas que está a 3 pontos de nós, a 5 do líder e que já jogou no Marítimo, Alvalade, Guimarães e Estoril).
A 1ª parte não foi famosa. Realce para a excelente jogada de Carrillo que terminou no poste, uma outra de André Martins que se perdeu num mau passe para o interior da área (mas a forma como se livrou do adversário que lhe fez marcação foi divinal) e para o golo (mais um) de Montero. Tranquilo e mortífero.
A escassa percentagem de 2ªs bolas ganhas, a marcação homem-a-homem movida pelo Vitória a William e Adrien, bem como a presença de 3 homens a condicionar a nossa primeira fase de construção, levando a que esta fosse feita pelos centrais e por um Piris acusando a estreia (o facto do Vitória só atacar por ali também não ajudava), fez com que o Sporting, apesar da boa entrega, tivesse muito limitado e criasse poucas situações de ataque com jogadores suficientes.
Na 2ª parte, fruto de um aligeirar dessas marcações por parte do Vitória (estavam em desvantagem) e devido à forma constante, agressiva e responsável com que o Sporting abordou o jogo e a vantagem (magra) que detinha, presenciou-se a uma exibição muito conseguida e a uma clara demonstração de poder e de grande capacidade futebolística da nossa equipa.
Os golos só vieram garantir a tranquilidade e confirmar a justiça de um resultado que podia ter tido outros números mais elevados.
Até ao fim assistiu-se ao espectáculo promovido pelos cerca de 32 mil espectadores e a mais uma estreia de jovem da nossa formação, Mané.
É difícil dar destaque a um jogador neste jogo. Não porque nenhum deles merecesse, mas porque houve vários dignos dessa justiça:
Patrício - um dia vai partir e vai custar muito. Está lá, sempre lá. Autoritário pelo ar e de uma segurança enorme que nos leva a esquecer dele.
Cédric - é bom jogador. Pouco mais há a dizer. Bem no ataque mas é na defesa que está a evoluir muito. Com excelentes tempos de abordagem e antecipação dos lances, faz com que não exponha as suas limitações.
Píris - a estreia coloca-o aqui. Não foi enorme mas esteve bem. Acusou o 1º jogo, foi muito castigado com os ataques do Vitória mas cumpriu. Usou a antecipação como principal arma e cresceu com o jogo e equipa. Podem contar com ele. E isso foi o melhor que ele nos pôde dizer.
William - parece que faz tudo bem. Se tivesse dinheiro comprava-o. Se faz aquilo tudo com tão poucos jogos na 1ª equipa, como será daqui a 3 ou 4 anos? Melhorou muito o seu sentido posicional (o que faz com que recupere muito mais bolas), manteve uma serenidade enorme na criação de jogo, promovendo o passe no momento certo e para o jogador mais apropriado para receber a bola. Muito bom.
Adrien e Martins - lado a lado. Enormes. Quando a percentagem de passes bem feitos aumenta, a sua preponderância no jogo da equipa aumenta e tornam-se determinantes no seu sucesso. Excelentes na recepção e movimentação, criam desequilíbrios com a sua capacidade técnica, conseguindo, igualmente, chegar perto da área e de Montero, dando mais capacidade atacante à equipa.
Carrillo - um atraso que fez no início do jogo para o Maurício assustou-me. Mas ele é imprescindível. Desequilibra, abre espaços e a sua inteligência (quando a usa) é única. A jogada do 3º golo é a sua marca.
Montero - haverá ainda palavras para o classificar? O 1º golo só está ao alcance de grandes jogadores. É que estava 0-0! Grande, grande, contratação. Mas ele é mais que isso. A sua inteligência e envolvência no jogo da equipa torna-o insubstituível. Mais que os golos registo um lance. Bola longa, um excelente tempo de salto faz com que ganhe a bola, dominando-a, mantendo o defesa longe, acabando com um pontapé na cara. O seu físico não é uma limitação nem entrave à disputa e alcance de qualquer jogada.
A equipa está confiante e nós também. Passo a passo, degrau a degrau, vamos restaurando a imagem do Sporting Cube de Portugal. O discurso tem sido o adequado e nem a presença constante do Presidente nos mais variados órgãos e programas da comunicação social tem desviado a Equipa do trabalho e objectivos a cumprir.
No dia 13 de Janeiro de 2013, o Sporting alcançou 18 pontos na Liga, correspondendo à 15ª jornada. Passados 9 meses o Sporting tem 17 pontos com 7 jornadas disputadas. Não passou assim tanto tempo mas as mudanças são evidentes. No entanto, estas (tristes) recordações não nos podem abandonar para não se cometer os erros do Passado. A bola tem entrado (e tem-se trabalhado muito e bem para isso) mas um dia ela pode teimar e fazer-se difícil. E aí se tornará a falar de Labyad, Jeffren, dinheiro do Moutinho (o Mónaco ou FCP já pagaram?) e do jogador que o FCP nos devia ceder por não ficarmos com Ventura. Aí veremos como o Projecto deste Sporting vai reagir, desejando que se comporte à altura e da mesma maneira eficiente como tem lidado com o sucesso.
3 comentários:
Cantinho,
O que tens achado do Mauricio?
Mike,
Acima de tudo tem cumprido e, também por isso, tenho gostado da sua prestação. Está envolvido com a equipa e com o seu espírito e revela-se uma opção bastante válida para o lugar.
É forte no jogo aéreo e em termos de posicionamento não está a comprometer. Neste momento, do que tenho visto de Rojo e Dier, não está a um nível abaixo destes (até, muitas vezes, melhor).
Mas tem limitações. Não consigo avaliar a sua rapidez, é muito condicionado com a bola nos pés (tem uma arrancada no início do jogo que ia comprometendo) e teve um erro enorme na 2ª parte que pode ser o espelho de algumas deficiências: não consegue ter uma leitura abrangente do jogo e dos espaços que os companheiros usam; numa bola longa, sozinho, ganha de cabeça mas colocando a bola nos pés de um vitoriano que, de frente para a baliza (e com Maurício desposicionado com o cabeceamento que tinha acabado de fazer) podia ter feito estragos, ainda mais porque só estava ele, mais os restantes 3 da defesa.
Não sei se pode ainda ser melhor do que já nos revelou. Mas está a surpreender, o que é excelente.
grande abraço
Caro Sportinguista,
Investiguem porque desapareceu Izmailov. Porque não foi convocado para o jogo do Estoril e depois deixou de treinar.
Pista: foi um dos escolhidos para ir aos vampiros, em Viena!
Jorge
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