domingo, 3 de novembro de 2013

Para onde corre esta equipa?


À partida para esta jornada era consensual que, para o Sporting, este jogo com o Marítimo era de importância acrescida. O facto de, na última jornada, ter perdido a hipótese de alcançar o 1º lugar na Liga e de ter perdido pela primeira vez esta época (ainda mais com um suposto adversário directo - FCP) lançou algumas suspeitas entre a comunicação social e, também, em alguns adeptos. Mais uma vez, "este" Sporting estava à prova, mas desta vez com o Marítimo (bem, segundo a comunicação social, o "verdadeiro teste" ia ser com o Benfica, depois Braga, depois Porto, Marítimo, agora será a Luz, depois Guimarães... enfim, o "verdadeiro teste" é sempre o próximo e nunca aquele que acabámos de superar).

Além de tudo isto, ressuscitavam-se situações de um passado recente, relembrando que o Sporting de Domingos, também ele vindo de diversas vitórias, acabaria por sucumbir às mãos do então líder da Liga (1ª coincidência), iniciando uma "descida aos infernos" que não gostamos de recordar. Pedia-se uma resposta contra o Marítimo tal como, em 2011, se tinha pedido uma resposta com o Nacional da Madeira (duas equipas da Madeira - 2ª coincidência). E, como em 2011, essa resposta foi dada, com uma vitória leonina (3ª coincidência) pela margem mínima (1-0 com o Nacional; 3-2 com o Marítimo - 4ª coincidência).

O pior veio depois. Empate em Coimbra, empate em casa com o Porto, derrota em Braga e empate em Olhão, intercalados com uma prestação desastrosa na Taça da Liga e apuramento para a final da Taça de Portugal, deixando Domingos na rua e o Leão em depressão. Como é óbvio, se quisermos continuar a olhar para reflexos do Passado, para a História e déjà vús descabidos e psicologicamente torturantes então, além do jogo de ontem corresponder a uma lógica que nos dava a vitória, o pior estará para vir.

E aqui residirão as principais questões: Para onde é que quer ir este Sporting? Estará a ir pelo caminho correcto?

Confesso que ontem, ao intervalo, depois de ver uma 1ª parte em que o mais difícil foi feito (o grande golo de Capel) mas que, depois, tudo se fez para oferecer o golo ao Marítimo (duas péssimas e precipitadas saídas de bola que permitiram ao Marítimo lançar-se na frente e chegar à área, até dar golo), pensei que pouco haveria a fazer e a história iria repetir-se (guiões já escritos e vistos - ler aqui).

Mas o filme da 1ª parte (com um Dier a teimar que não quer ser titular, um Jefferson a fazer suspirar por Píris, um Vítor que não foi melhor que Martins, um Carrillo alienado da própria vida e um trio de arbitragem que viu penalty num tropeção mas não viu uma agressão ao Capel) não se repetiu. E isso, acredito, não será fruto do acaso. O Sporting surgiu forte, correu, pressionou (William, Adrien, Cédric e, também, Dier, apareceram muito bem na reacção à perda de bola e conquista desta em espaços muito adiantados), remetendo o Marítimo para a sua área, começando a surgir diversas situações de golo (3 de Montero; remate de Wilson; remate de William contra a mão de um adversário [não acho que seja penalty]), tudo isto em 20 minutos.

Quando o empate surgiu mais nenhum pensamento pairou naquele estádio, que teve momentos muito fortes de apoio (ainda com 1-2 no marcador), que não o alcançar da vitória. O Marítimo sentiu-se incómodo no jogo, um pouco desesperado e olhou para o relógio, sentindo que este não fazia o Tempo avançar. 
O 3-2 repôs justiça no resultado e, mesmo com mais um elemento em campo, iniciou um período de maiores dificuldades para o Sporting.

Se a primeira meia-hora da 2ª parte deu-me alento e motivos de confiança, os últimos 15 minutos deram-me razões de preocupação e apreensão. A dificuldade em travar o jogo directo do adversário e a incapacidade em deter a bola e circulá-la fez-nos suspirar e rogar pelo apito final. Neste capítulo, destacam-se as limitações de Wilson Eduardo, incapaz de segurar a bola em zonas adiantadas, o mau jogo de pés de Slimani e um livre de Rojo (remate directo à baliza, a mais de 30m desta) sem qualquer razão de existir, quando o que se pedia era trocar a bola e mantê-la em nosso poder.

Este jogo deixou-me interpretações e reflexões dúbias. Se por um lado, a importância de alcançar a vitória (no matter what) aliada à reviravolta no resultado deixa boas perspectivas futuras, por outro lado, as exibições de Carrillo, Dier e Jefferson (na 1ª parte), a intermitência exibicional de Vítor e Martins, as limitações óbvias de Wilson e, acima de tudo, a capacidade de leitura que os adversários já vão detendo do nosso tipo de jogo (e isso foi a morte de Domingos, quando até o Moreirense B percebeu e anulou a forma como o Sporting jogava, não encontrando fórmulas alternativas - a forma como ontem o Marítimo condicionou a nossa primeira fase de construção, tal como Setúbal e Porto já o tinham feito, oferecendo a pior solução para nós, "o pontapé para a frente", terá que ser motivo de trabalho extra de Jardim e seus pupilos), levantam problemáticas que só poderão ser respondidas em campo e, já, nos próximos jogos.

As coincidências com a época 2011-2012 terão de parar por aqui. A equipa tem limitações derivada da qualidade de alguns jogadores (a falta dela, entenda-se), da sua juventude e inexperiência e da falta de opções (um central, um 10 e um extremo fazem muita falta - Ilori; Labyad e Bruma, por exemplo, sem polémicas, só um exemplo).
No entanto, pode-se agarrar a algo que me parece esquecido mas é importante de se notar. Mesmo com estas condicionantes e sem ter enfrentado, na óptica da comunicação social, um "verdadeiro teste", à 9ª jornada, já jogámos com Benfica, Braga e Porto (estes dois fora) e estamos a 3 pontos do 1º lugar. 

Talvez o caminho esteja mesmo a ser bem percorrido.


ps: o post tomou direcções levando-me a ser injusto, por omissão, a um jogador: Capel. Não gosto do estilo e acho que podia ser muito melhor do que é. Mas o Sporting (também) é aquilo: crente, esforçado, com garra, e força até rebentar. A vitória de ontem teve muito Capel.
ps2: o próximo jogo em casa é daqui a 1 mês. Um relvado por favor. É que faz mossa a quem joga com a bola pelo chão. Talvez a equipa B tenha de ir "estagiar" para outras paragens.

3 comentários:

MMS disse...

Cantinho,

Três comenários:

1. Muito bom ponto o da equipa B. Percebo a ideia, que é boa, de por a equipa B a jogar em Alvalade. Mas a equipa B é uma etapa de formação e essa formação destina-se à equipa principal. Que está com um relvado em pior condições, entre outras coisas, porque a equipa B lá joga. Há que repensar.

2. Por outro lado, devo dizer que no post que escrevi não referi os últmos minutos de sofrimento porque os compreendo. No estádio irritei-me, como todos, com a falta de capacidade para impedir que o Marítimo com 10 nos empurrasse. Mas compreendo: a falta de calo, a juntar à pressão que foi colocada em cima da equipa nestas últimas semanas e às circunstâncias do próprio jogo, conduziram àqueles minutos finais. Mais uma etapa de aprendizagem que teremos que ultrapassar, com alguma paciência.

3. A comparação com o Domingos está muito bem apanhada. Esperemos que se as coincidências continuarem o distinto perfil dos protagonistas (Domingos-Leo; Inácio-Freitas/Duque; BC-GL) ajude a uma melhor resolução da situação. Nesta dialática, porém, há um elemento (quase) imutável: os adeptos. Esses são os mesmos e é por aí que pode começar o problema. Se voltar a acontecer o que aconteceu nessa altura, esperemos que ninguém seja recebido no aeroporto com insultos, por exemplo. E que os adeptos tenham a paciência que então faltou.

Um abraço

PS: voltamos a discordar na arbitragem - não vi o toque no Sami, mas confesso que também não vi o toque no Montero. Os lances de mão foram bem ajuizados. Resta a agressão do Ruben (que não vi no estádio, só na TV, e foi mesmo em frente a mim - estava a seguir a bola) e alguma tolerância disciplinar com o João Diogo.

Leão de Alvalade disse...

Cantinho,

Bom post!

Apenas uma pequena nota para o Dier, que acabei há pouco de partilhar com o Koba a minha versão.

Não é de facto o jogador confiante e quase imperial que foi em muitos momentos do ano passado. Mas atendendo ao seu percurso de época atribulado e certamente muito longe do que ele havia previsto, o actual momento não será de todo estranho. Provavelmente regressará ao banco no derby, cabendo-lhe convencer Jardim de que merece o lugar que é agora de Maurício.

Cantinho do Morais disse...

Koba,

O que me irritou nos últimos 10 minutos é que faltou tranquilidade e confiança para gerir o que faltava jogar. E houve lances de total displicência e amadorismo, como foi o livre de Rojo, entregas de bolas a Mané e depois deixá-lo sozinho, sem linhas de passe e soluções (logo perdia a bola, ficava no chão e ficava-se 10 para 10) e um lance em que Wilson leva um túnel tão forçado que nem se mexe a reagir. Ficámos expostos a um adversário que estava muito em baixo (4 derrotas seguidas, tinha sofrido uma reviravolta no marcador e estava com 10). Mas concordo que faça parte do crescimento.
Adeptos... dali não se pode esperar racionalidade. Não é esse o seu papel. O pior é quando estão a mando de alguém. E essas idas ao Aeroporto entre outras coisas poderão não ser assim tão expontâneas.
Nem fui muito crítico da arbitragem, mas acho que o lance com o Capel tem de ser visto por 1 dos 2 árbitros que estavam próximos. E dúvidas que a agressividade do Marítimo, se fosse na Luz ou no Dragão eram brindadas com mais amarelos e vermelhos (que condicionam sempre uma equipa que defende)?

Abraço.


Leão,

Dier esteve ausente na 1ª parte. Totalmente fora do jogo e pouco comprometido. Na 2ª parte melhorou (muito - também não era difícil). É melhor que Rojo e Maurício. Até ao jogo no Dragão não houve "razão" para mudar na dupla, agora está nas mãos de Jardim. A época, para ele, tem sido quase uma montanha-russa, mas ainda agora começou e já leva 3 jogos a titular. Não se pode queixar assim tanto. E as notícias da renovação (que duvido que avance) e as declarações de Abel não são uma boa ajuda.