Ponto
prévio: foi triste a forma como se viveu o minuto de silêncio em memória de
Mário Coluna. Não houve respeito por parte das claques do Sporting, manchando
um acto que se requeria digno e do qual Coluna era de todo merecedor. Não me
revejo naquela atitude e reprovo-a totalmente.
Vou
ser sincero, não percebo nada de futebol. Nunca o estudei ou trabalhei e
raramente o pratiquei. No entanto, já vi muito, ao longo de mais de 20
anos, o que me leva a fazer aquilo que muitos também fazem, comentá-lo.
De
ontem, esta é a minha versão (que será muito contrária ao que tenho lido e ouvido):
Com
as ausências de Montero e Adrien (que, com William e Patrício, são os únicos
jogadores indiscutíveis desta equipa e sem substitutos) perante um
adversário forte individualmente, o Sporting tinha um jogo
bastante difícil. Assim foi. Não que o Braga tenha uma grande equipa (não
tem, nomeadamente do meio-campo para trás) mas porque o Sporting, na linha
decrescente que tem revelado em termos exibicionais, fez mais um jogo pouco
conseguido, com poucas soluções na produção de jogo ofensivo, levando a que o
resultado fosse (muito) melhor que a exibição.
E
o jogo até começou bem. Os primeiros 20 minutos foram o melhor do Sporting. Com
o 11 quase ideal face às limitações (embora eu preferisse Vítor ou Capel, em
vez de Magrão), entrou forte, mandão, explorando a técnica e velocidade de
Carrillo, bem como a pressão e rápida recuperação que Martins, William e, até,
Magrão iam fazendo no meio-campo. Neste período, destacam-se o falhanço de
Slimani (após jogada de Carrillo) e uma jogada anulada a Mané (que ainda não
consegui ver porquê).
Eduardo
ia atrasando o jogo (mas quem viu amarelo por estas “brincadeiras” foi o
Patrício) e o Braga, após o acerto de marcações (a Jefferson e Cédric) ia começando a soltar a pressão, dando lugar
ao melhor que dispõem: Alan (porra, que jogador…), Rafa, Pardo e Rucescu. O jogo
no nosso meio-campo começava a ser mais constante, chegando ao golo, numa dupla
infelicidade de Patrício.
Confesso
que temi o pior. Mais uma vez, perante uma equipa
debilitada, com um treinador com 3 treinos, no 7º lugar, o Sporting demonstrava
o seu lado cristão, de ajuda e reabilitação dos mais frágeis. Só que desta vez, o adversário tinha qualidade ofensiva e, vendo-se a ganhar, podia
sentenciar o jogo.
O
intervalo não chegou sem que Slimani, na mesma jogada, falhasse o empate.
Ainda
assim, Alvalade resistia e apoiava.
Para
a 2ª parte, eu pedia a saída de Magrão para entrar Vítor ou Capel (neste
último caso, com a passagem de Mané para o meio, recuando mais Martins). Mas
não. O Braga continuava confortável e o Sporting cada vez mais longe do perigo.
Até que, para mim, Jardim tudo fez para não ganhar o jogo. Claro que fez a
vontade à bancada e a muitos adeptos do Sporting. Tirou Martins (o novo ódio
leonino, enfim…), tirou o Carrillo (o ódio antigo), colocou Heldon e, finalmente, Capel, deixando, incrivelmente, Magrão (que demorava uma
eternidade a fazer qualquer movimento). De um momento para o
outro, Jardim tirou quem sabia ter a bola, quem pressionava, deixando só um William
amarelado (sim, estava lá o Magrão, só que sentado) e o Mané. A partir desse
momento, só um milagre levaria a bola à área do Braga e o Sporting ao empate (e
vitória).
E
aconteceu. Após insistência de Slimani, Mané (um dos poucos jogadores
inteligentes em campo [o único, neste registo, no meio-campo
ofensivo]), arranca um penalty a Sasso. Jefferson marca e traz o Sporting à
vida. De seguida, Slimani aproveita mais uma má abordagem da defensiva
bracarense e coloca o Sporting na liderança, num momento em que Pardo tinha
rebolado quase 10m para ser assistido dentro de campo.
Do
banco, Jardim parece ter um raio de luz e coloca Vítor (pensei que
para "compor o ramalhete", ia colocar o Wilson [mais outro para a bancada odiar] ou o
Dier, a meio-campo). Mas quem é que tira? O Mané! Aquele que, no meio do terreno,
sabia ter bola, sacava faltas e conseguia com que Cédric subisse e William
respirasse.
Como
seria de esperar, Vítor fez mais em 15 minutos que Magrão no jogo todo e teve
mais influência no jogo que Capel e Heldon.
A
vitória não chegaria sem que Patrício não se redimisse (não é que fosse preciso,
pois já nos deu tanto), fazendo uma grande defesa, sendo, com William, Rojo e Maurício,
um dos principais responsáveis por deixar o Braga longe do empate.
Face
ao 11 apresentado e às limitações que o plantel tem, do banco nunca poderia vir
algo melhor do que já estava dentro de campo. No entanto, ao retirar os
melhores, Jardim bloqueou o jogo ofensivo, enfraquecendo o que já era frágil.
Sejamos sinceros, o Sporting não chega ao empate e à vitória com o que veio do
banco. As mudanças não tornaram a equipa mais dominadora,
pressionante, asfixiante ou capaz de criar sucessivas oportunidades de golo.
Antes pelo contrário. Em oposição ao que aconteceu na 1ª parte, a equipa
afastou-se da baliza do adversário, deixando de ter tanta bola e por mais
tempo. Não há nada que se lembre que Capel, Heldon e, para mim, Magrão, tenham
trazido ao jogo.
E
isto é que é preocupante. Vencemos? Sim. E foi uma vitória muito importante e
que festejei (com grande alívio). Mas o que ficou do que se trabalhou? É esta a
visão que Jardim tem e quer para o Sporting?
Como disse, esta a minha versão. Quem percebe de futebol que a critique e contrarie. Quero sempre aprender, a sério.
Alvalade
vai destilando ódio para com Martins e Carrillo. Não é novidade. Já o fez com
Patrício, Adrien e Nani. Historicamente, comprovou-se que estavam errados. E
agora?
ps: se tivesse muito dinheiro comprava o William Carvalho. Quanto tempo demorará para o Sporting voltar a formar ou ter um jogador com aquela qualidade?
11 comentários:
fogo. és demais...
Para quando um post Jardim rua...
Ohomem tanto não percebe nada daquilo, que as suas substituições não resolvem nada, é tudo pura sorte. A REALIDADE, o SPORTING já virou o resultado em mais de 5 jogos neste ano com as suas mexidas.
De cor
Arrouca 1ªJ
Maritimo em cas
Benfica para a Taça
Braga nos dois jogos
Rio Ave
etc..
Para a rua Jardim!!
Cantinho,
No estádio também foi o que me pareceu, que Jardim errou em toda a linha nas substituiçoes. Heldon não me convence minimamente. Ao menos o Capel ainda ganha faltas, e procura o meio em vez de procurar sempre a linha.
Ontem o Sporting virou o jogo, mas não foi pelas substituições.
Incompreensível é o ódio ao André Martins e ao Carrillo.
Espero sinceramente que o Leonardo Jardim procure outras soluções tácticas que sirvam para reabilitar o André Martins. Alguns dos problemas do Sporting estão a ser demasiado recorrentes para o Leonardo não reparar neles. E se não repara, sinceramente, está-me a desiludir.
A malta da bancada parece que parou nos anos 80, e não sei porquê nutre uma paixão doida pelas correrias até à linha e subsequentes cruzamentos.
Como diriam os mais entendidos, qual a probabilidade de sucesso de um cruzamento típico? Quanta vantagem têm os defesas sobre os avançados na abordagem aos cruzamentos?
O Guardiola não ensinou nada?
O futebol não é só alma, é muito de inteligência...
Meu caro,
Não estamos de acordo. O Martins e o Carrillo já tinham morrido há muito. O Martins não sei se chegou a entrar em campo. Entre ele e o Magrão, vou ali e já volto.
O LJ joga com o que tem. Para mim, o que foi mais tardio foi a entrada do Capel. O Capel podia agitar o jogo, como o fez.
As possibilidades não são muitas. O LJ joga com o que tem. Não se pode pedir muito mais.
SL
E pronto, tinham que vir os básicos do costume limitar o debate entre pôr o Jardim na rua ou ter palas nos olhos. Adiante.
A verdade é que o Sporting anda a jogar pouco e por isso é que anda a ganhar com tanta aflição. É verdade que ficamos todos aliviados por ganhar no fim, mas depois o reverso da medalha é que muitos receiam que o Sporting não consiga aguentar o ritmo dos rivais, em particular dos lampiões, até pela desvantagem pontual que já tem.
O mais preocupante é que o Jardim acredite mesmo que o Sporting jogou bem. Quero acreditar que disse aquilo para moralizar os jogadores e não porque acha mesmo isso.
Ontem não foram as substituições que ganharam o jogo. Pelo contrário. Calhou o golo do Slimani ser depois das substituições. Um golo parecido com aquele que ele marcou em Guimarães, com o defesa também a aliviar a bola involuntariamente para a direcção dele.
É bom que se perceba que se o Sporting não jogar mais, corre o risco de perder em Alvalade com este Porto. Não haja dúvidas sobre isso.
JPDB, os cruzamentos têm de ser bem feitos, e no Sporting raramente o são. Além de que durante a semana andaram a dizer que iam fazer muitos cruzamentos para o Slimani. Esperar-se-ia que durante o jogo houvesse outro tipo de jogo, porque não faz sentido estar a dizer ao adversário como se vai jogar. Mas tendo em conta as características do Slimani, não poderia ser muito diferente. É claro que o jogo acabou por ser muito previsível, porque o Montero sem dúvida que oferece muito mais opções, até porque sendo muito marcado, liberta espaço para o Slimani, que quando está sozinho não o tem.
Todavia, para além do golo, há dois bons momentos do argelino, o passe a desmarcar o Mané e o passe para o Vítor, que este incrivelmente desperdiçou.
António Gomes e Barbosa,
Onde é que peço para o Jardim ir para a rua?
Se o Sporting ontem virou o resultado, digam-me onde é que veio a influência do banco? Em Arouca, Marítimo, Benfica e Rio Ave, sim, veio do banco, com as entradas de Slimani, Capel e Mané.
Mas ontem? O que fez Capel e Heldon que tenham permitido a reviravolta?
E porquê que críticas são sinal de querer o Jardim na rua? Não se pode debater nada? Expliquem-me, como peço no post, como é que as movimentações de Jardim (aquelas que critiquei) deram lugar à vitória.
JPDB,
A baliza está no meio. As laterais estão longe. Parece-me óbvio. Martins e Carrilo estão a cair e a cama está feita. Não há hipóteses. Martins não pode jogar tão à frente, recebendo o jogo pressionado (pois está mais perto dos defesas) e de costas para o jogo. E claro, sente-se que a confiança está abalada.
Rui Monteiro,
Tenho acompanhado a sua descrença em Martins, da qual não concordo. O problema de ontem é que no banco não havia nada melhor do que estava em campo (excepto Vítor e Capel, mas só em detrimento do Magrão).
Sei das limitações do plantel. Mas acho que Jardim, com as suas opções ontem, ainda o limitou mais.
Anónimo,
A conversa de Jardim na antevisão só pode ser bluff. E foi, pois nem sequer houve cruzamentos. Porque se o objectivo era esse, então o Capel teria de ser titular.
Slimani é bom mas o seu grau de imprevisibilidade esgota-se em pouco tempo, quando joga a titular. Entrando na 2ª parte, com Montero e defesas mais cansados, é muito melhor. Claro que ontem não podia ser porque não havia Montero.
E estou de acordo com o que diz no resto do comentário.
A minha preocupação não é o jogo com o Porto. Acho que já demonstrámos mais do que se vê agora. Há mérito dos adversários mas há erros recorrentes que teimam em ser corrigidos. E como já se fez mais com que se tem, então é sinal que quem treina é bom.
Caro cantinho,
O meu comentário ao contrário do que possas pensar continha alguma ironia.
Eu sei que aprecias o LJ mas acho que exageras nas apreciações quando colocas posts destes.
A realidade foi a que escrevi, estamos a lutar com armas desiguais com os rivais e não me parece que seja por decisões do LJ que a coisa está mal... Afinal a reviravolta de resultados e a postura da equipa na 2^parte após as mexidas do LJ tem sido sempre melhores... Ou não? e é só sorte?
Só para complementar as reviravoltas não se esgotam em jogadores que vem do banco... As substituições que modificam o jogo de quem já lá está dentro tb conta.
Quanto ao anónimo que diz que esta equipa não cruzou, só digo que não deve ter visto o mesmo jogo do que eu...
Eu concordo em parte com o Cantinho na medida em que acho que não fizemos um bom jogo. Penso que o Capel tem de jogar de início pois é um jogador que desgasta a defensiva adversária e não o opode fazer se jogar 15min... Em relação ao Magrão, acho que está a ser injusto. Cometeu erros mas pelo menos fez alguma coisa ao contrário do André Martins! No entanto não partilho de ódio nenhum face ao André mas penso que se ele e o Magrão trocassem as posições teria sido mais vantajoso para o Sporting.
Cumps
António Gomes,
Se exisita ironia no comentário, não reparei. Quer dizer, reparei mas não percebi que as mesmas não tinham sido um ataque ao meu post.
"Afinal a reviravolta de resultados e a postura da equipa na 2^parte após as mexidas do LJ tem sido sempre melhores..."
Claro, se falarmos no geral ou, como eu te respondi, nos casos do jogo com Arouca, Rio Ave, Benfica (Taça) e Marítimo. Aí não houve "só
sorte", como perguntas.
Agora, para este jogo com o Braga, as suas alterações em nada melhoraram, a meu ver, o nosso jogo, creio mesmo que até o tornaram mais complicado porque as saídas não se entendem. E, neste jogo, pareceu-me haver sorte.
Do banco veio a mudança de Mané para o meio. Óptimo! Mas porque não logo de início, entrando Capel para o lugar de Magrão? Ou, porque não, saindo Magrão, recuando Martins e colocar Mané no meio, ficando Capel e Carrillo nas alas, isto na 2ª parte?
Para mim era melhor que ficar Magrão e Heldon, saindo Carrillo e Martins.
Volto a dizer, nada melhorou com estas substituições.
Anónimo,
Também me parece óbvio que Martins no lugar de Magrão dava maior rendimento a Martins. E isso podia ter sido feito a qualquer momento, melhorando o nosso jogo e poupando críticas a Martins, a meu ver, injustas porque não está na posição correcta e com as melhores funções para as suas qualidades.
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