Half the World Away

Imagem: O momento do jogo. Minuto 41. Nani, enquadrado com a baliza, com a bola saltar e sem oposição, remata forte mas à figura de Fabiano. A marcar, seria o 2-0. A vitória ficaria mais próxima...

Ontem estive em Alvalade. Vi o jogo de forma tranquila e só quando Carrillo sofreu falta de Alex Sandro, na 2ª parte, junto à linha de fundo e que o auxiliar não marcou é que me irritei. Depois disso, a minha imagem de desespero (mãos na cara, escondido) só ocorreu quando Tello, já com Jonathan no chão, falha o 1-2, que seria tremendamente injusto para nós. Descontando estes dois lances, vi o jogo de forma calma, o que até nem é normal.

Sei o potencial deste Sporting e sei da elevada qualidade individual deste Porto (quem tem Evandro, Tello, Oliver, Aboubakar no banco pode ter tudo nesta Liga). Desta forma, o empate verificado não me deixou triste... nem contente. Fiquei conformado. Aceitei o resultado.

Claro que vim para casa a pensar que se podia ter tido algo mais. As oportunidades de Nani, João Mário, Capel mais os lances mal definidos por Slimani seriam, por si só, lances suficientes para justificar uma vitória. No entanto, no outro lado, o lance do Tello, do Jackson (grande Patrício, como sempre), o remate do Herrera (novamente o enorme Patrício) mais os lances consecutivos de bola parada na nossa área, onde nunca ganhámos uma bola (Patrício, sempre ele), levaram-me a ficar aliviado com o empate.

Sendo assim, porque razão me senti inquieto quando, hoje, acordei? Revi o jogo na minha cabeça. Recordo as jogadas, a motivação e a inteligência de Nani na 1ª parte, o William que nos aguentou na 2ª parte, o Patrício que só não é grande neste país pequeno, a competência de Adrien na 1ª parte, João Mário e Carrillo, aquele Carrillo que andamos há anos a suspirar e que parece que está a querer, finalmente, confirmar essa certeza que muitos ainda mantinham (e que outros já tinham perdido): é um Grande jogador.

A minha inquietação é simples. É que estes 6 (Cédric e Jonathan também estiveram bem) não fazem uma equipa. E por muito bons que sejam, por muito bom futebol atacante que pratiquem, isso poderá nunca ser suficiente para ganhar.

Este Sporting (principalmente o da 1ª parte), tenho a certeza, vai aparecer muitas mais vezes ao longo do ano mas estará sempre mais perto de não vencer do que vencer. E é este desperdício de talento, qualidade e trabalho que me inquieta. Não é justo. Mas porquê que é assim?

Hoje de manhã fui à Feira de Benfica. Numa das bancas, uma potencial cliente, com uma mala Gucci na mão, insurge-se contra a feirante: "Minha senhora, isto tem defeito!". A réplica da empresária foi clara: "Ó dona, se não tivesse defeito não era barato."

Não podia encontrar uma analogia e resposta melhor. Há sempre um senão quando procuramos "galinha gorda por pouco dinheiro". A mala Gucci pode romper-se ao fim de umas semanas (é aborrecido, mas não é dramático). Uma dupla de centrais barata e de contrafacção (pois podem ser tudo, menos defesas-centrais), quando dão de si, podem custar vitórias, pontos, títulos e dinheiro.