segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Águas Passadas (Não) Movem Moínhos

Faz hoje uma semana que a nova equipa técnica começou a trabalhar no Sporting Clube de Portugal. Independentemente do resultado do jogo de ontem, esperei uma semana para nomear o que terá mudado nesta semana e o que terá permanecido.

O que mudou?

- Confiança:
Há, claramente, um discurso mais confiante entre os elementos que integram a vasta família leonina. Após uma difícil digestão do nome de Carvalhal, rapidamente se tentou visualizar os pontos positivos que esta mudança poderia trazer ao Sporting. Há confiança em alterar o perigoso rumo. Há confiança em melhorar a capacidade da equipa e os resultados desportivos. Há confiança no equilíbrio da equipa a partir do Mercado de Janeiro. Há confiança (demasiada, na minha opinião) em vencer o rival, no próximo derby.

- União:
Mesmo com algumas vozes descrentes (ex: Abrantes Mendes), sente-se uma, aparente, união entre as diferentes hostes leoninas. Desde da direcção, equipa técnica, claques, candidatos derrotados (de destacar a prudência e confiança sempre transmitida por Paulo Pereira Cristóvão, nunca descurando a critica construtiva), associações de adeptos, blogosfera, passando pelo mais comum adepto e simpatizante, observa-se o que parece ser o caminhar para um só Sporting, onde o sucesso de um Leão é a alegria de todos os outros.

O que permaneceu, ou ainda não se alterou?

- Vários discursos - Várias vozes
Qualquer pessoa fala do Sporting e no Sporting. Num período de crise de confiança e resultados, é impensável a multiplicidade de discursos e vozes que, diariamente, ainda se cruzam no Sporting. Se a protecção ao treinador, com a ausência de uma conferência de imprensa, foi por mim aplaudida, em oposição só tenho de discordar e criticar as constantes entrevistas e declarações prestadas à comunicação social, a partir do nosso Presidente, até ao mais simples ex-jogador ou ex-dirigente que nunca venceu um título em Alvalade.
Não pode ser! A casa tem que estar fechada e concentrada num bem só, o Sporting Clube de Portugal. Diariamente há declarações, ou de descrença exagerada ou de confiança utópica que só coloca mais pressão sobre técnicos e jogadores e, consequente, desilusão, sendo que esta, posteriormente se propaga desde do campo às bancadas.

- Plano directivo:
Tudo na mesma. Salema Garção continua e Sá Pinto sobe de posto. O que são estes senhores na História do Sporting Clube de Portugal? O que percebem de direcção de futebol? ZERO - NADA.
Se de Salema Garção há pouco a dizer, pois não tem nada de bom para se defender, já de Sá Pinto existe muito mais. Para mim, como atleta do clube e alguém que, de facto, mostrou devoção, a sua história terminou quando se transferiu para a Real Sociedad. Após a sua melhor época, a agressão a Artur Jorge permitiu-lhe ser vendido muito abaixo do seu preço, indo auferir muito dinheiro em Espanha. Mais uma vez, após o ter defendido, o Sporting é o principal perdedor desta história, pois perde o jogador e vende-o pelo preço possível. Mas não tem problema. É que Sá Pinto beija a camisola antes de ser expulso por uma entrada sem nexo, antes de desrespeitar o treinador e não deixar Liedson bater um penalty. Está tudo bem. "É dos nossos! Até nos paga bilhetes!".

- Ausência de Respeito por quem nos deixa:
A entrevista de Paulo Bento, com um timing perfeito para quem quer destabilizar, vem demonstrar que em Alvalade não se trata bem quem lá passou. Ninguém sai de lá com saudades, sejam técnicos, jogadores ou dirigentes, tal é o veneno que destilam à primeira oportunidade. No caso do Paulo Bento só lhe critico o timing da sua entrevista, bem como a ausência de responsabilidade nas criticas que colocou ao futebol da equipa e pouca evolução e produção de alguns jogadores. Tudo o resto, é verdade, doa a quem doer. Há abutres e o terreno está minado.

E é este terreno que vai destruindo e corroendo por dentro esta instituição, de forma, cada vez mais, acelerada que as poucas coisas que mudaram não serão suficientes para parar.

1 comentário:

Telmo Pereira disse...

Para começar quero dizer que gostei de ver o jogo contra os Pescadores: Há quem diga: “Mas eram os Pescadores." Eu sei, é verdade. Eu conheço bem onde os Pescadores jogam porque ando nos carrosséis da feira que se faz durante o Verão no seu campo, que é uma das principais fontes de rendimento do clube. Foram grandes os Pescadores. Jogaram muito bem, aliás, como qualquer equipa pequena na Taça. Por isso se diz que "Taça é Taça".

O Nosso Sporting apareceu mais aberto, a jogar melhor, com melhores passes. Gostei nem que seja porque não gostava de ver o "pontapé para a frente e que nos salve São Liedson" das últimas épocas. Estavam nervosos, sofreram um golo e recuperaram. Tonel foi expulso (contra os Pescadores!); E o Postiga começou aos tabefes a um dos deles! (Para quê? São os Pescadores). Os rapazes estavam nervosos. Querem ganhar. Querem ser titulares. Era importante ganhar. Lembro-me de ter visto um filme parecido. Quando ao fim de 18 anos precisavam de ganhar um jogo para serem campeões e jogaram a primeira parte todos atabalhoados. Ao intervalo o Porto perdia por 1-0 e os rapazes saíram galvanizados. Pareciam outros. Passou-lhes os nervos. Foram 3-0, se a memória não me falha.

Tenho a certeza que a equipa fará o resto da época em crescendo, a jogar bonito, a dar gosto ver, a comer a relva, a fazer-nos saltar da cadeira. Até podemos levar 5 do Benfica, quero lá saber. Tenho a certeza que, aos poucos e poucos, a jogar cada vez melhor, vai sussurrando cada vez mais alto nos confins do nosso cérebro a canção: “Uma curva belíssima, Uma equipa fantástica…” e do cérebro, para o sussurro e vamos ver todos a pensar no mesmo e daí todo o estádio vai cantar. E vai cantar outra vez, em plenos pulmões até ao GOLÓÓÓÓ!!!

Não vou comentar declarações porque não me surpreendem nem interessam. O que interessa é o que vai acontecer daqui em diante. Paulo Bento ainda vai voltar em Janeiro para dizer que com ele não havia dinheiro para gastar em jogadores. Eu posso dizer já aqui: Como sportinguista não estava disposto a ver dinheiro esbanjado em Janeiro para se jogar como se estava a jogar. 40 jogadores desperdiçados. Acredito que JEB e os accionistas estejam dispostos a abrir os cordões à bolsa agora que a equipa parece que vai voltar a jogar futebol. Não PODEMOS esquecer que as acções do Sporting subiram mais de 8% só com a notícia da saída de Paulo Bento.

Também não me admirarei quando jogadores como Postiga, Angulo, Caicedo, Pereirinha e até talvez o Saleiro (nesse já tenho algumas dúvidas. Talvez como extemo…) começarem a jogar e uns e outros perguntem: "mas onde é que estava este jogador??" Ontem veio alguém dizer que os jogadores do Sporting são vulgares. Errado. Paulo Bento fazia de qualquer jogador um jogador vulgar, essa é a verdade. O Sporting tem 25 jogadores. Desses, 10 vão às selecções dos restantes, pelo menos Caneira, Postiga, Izmailov e Angulo já foram às selecções. Por isso, os jogadores do Sporting só podem ser vulgares no sentido em que já não são surpresa. Mas, tal como certas coisas o mais importante é o que se faz com elas.

Uma coisa Carlos Carvalhal já conseguiu: encher Alvalade para o dérbi, mesmo só tendo uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma.