sábado, 28 de setembro de 2013

"Parabéns, parabéns, parabéns! Vais passar um dia extraordinário"

O FC Porto faz 120 anos. Pelo menos é o que eles dizem, visto que ninguém estava vivo quando isso aconteceu, nem há registo dessa data relacionada com esse nascimento em algum lado. Quer dizer, haver há, mas tudo em publicações sem qualquer ponta de veracidade ou rigor.
Também, se pensarmos bem, é só mais uma farsa que acompanha aquele clube.

A noite de ontem foi um espelho muito claro do que é aquele clube. A vitória diante do Guimarães, conquistada à custa de mais um erro de arbitragem (e aí já passaram o número de anos que o clube tem - até os números falsos) é a prenda perfeita que aquele clube tanto merece (visto que trabalha muito para isso). O pior é que o Porto é como aquelas crianças mimadas a quem não se consegue dizer que "Não", por isso recebe prendas como a de ontem, mesmo fora dos dias de aniversário. Dizem os pedopsiquiatras que não se devem educar as crianças assim. Que se deve saber dizer que "Não" e que não se pode oferecer tudo o que os meninos querem, porque correm o risco de crescerem num mundo de ilusão e facilitismo, que não se coaduna com a vida real.

Só desde Agosto (e ainda não passámos Setembro), o Porto já beneficiou de prendas em Setúbal (penalty quando estava a perder; expulsão perdoada a Josué), Paços de Ferreira (golo em falta de Jackson), Estoril (Otamendi em campo durante 90 minutos) e, por fim, Guimarães (penalty [até me custa a escrever, pois foi tudo menos isso] que dá o único golo da vitória). 
São muitas prendas... e o Natal ainda está tão longe. Além disso foi beneficiando de expulsões dos adversários, nas jornadas imediatamente anteriores, o que os fragilizou ainda mais (Gil Vicente -2; Estoril -2; Guimarães -1). E, não contente com tanto brinde, ainda se vão ausentando, por "indisposição" aqueles jogadores que são emprestados por si aos seus oponentes. Ontem foi o Abdoulaye, por exemplo. É óbvio que dava um bocado nas vistas se o mesmo se tivesse passado no jogo com o Paços de Ferreira, onde o emprestado Sérgio Oliveira jogou (e que belo jogo fez! até me vieram as lágrimas aos olhos, quando vi os seus remates a 2km hora, caracteristica que desconhecia no Sérgio até então) e os treinadores Costinha e Maniche estiveram no banco (seria difícil, neste caso, justificar uma "indisposição", embora a presença de 3 queixos no Maniche justificasse o selo de "Fenómeno do Entrocamento" e, com isso, a presença constante em espectáculos circenses, justificando, desta forma, uma possível ausência).

Mas o Porto já não é nenhuma criança (mesmo não tendo 120 anos). Por isso pode comprar e ter todas as prendas que quiser. O seu pai (mesmo em idade de reforma) trabalhou e continua a trabalhar muito, para conseguir dar ao seu "menino" tudo de bom e do melhor. Por isso é que, ano após ano, chegamos a esta altura e conseguimos antecipar todo este filme. O Porto, mesmo jogando mal, entra forte no Campeonato, ganhando a tudo e todos, conquistando distâncias, afastando pressões (normalmente para cima dos adversários e rivais directos) para ir a tempo de se concentrar naquilo que sustenta o pai e consegue pagar as prendas ao "menino", a Liga dos Campeões.
Geralmente, os meses de Agosto e Setembro são muito férteis em prendas para os lados do Dragão. Basta relembrar os arranques de Mourinho (ainda me lembro de um Porto-Belenenses, na 1ª jornada, em que perto dos 96 minutos o Porto perdia 1-2 e ainda foi a tempo de empatar [não deu para mais, porque o jogo foi domingo à tarde e o 2-2 já foi marcado era quase segunda-feira] e, mais recentemente, Villas-Boas e Vítor Pereira, com golos em falta, penaltys inexistentes, etc.
Claro que no fim de mais um campeonato vergonhoso e tendencioso, a comunicação social merdosa que temos, elogia "a regularidade" do campeão, a "invencibilidade" dragoniana e a "máquina oleada" e custa a carburar mas quando arranca...

E ano após vai-se assistindo a estas festas de aniversários do "menino" Porto, faustosas e carregadas de "beija-mão" onde, por piedade mas, principalmente, para demonstrar a superioridade e domínio, outras crianças/colegas de escola são convidadas para, envergonhadas e inferiorizadas, assistirem a ofertas de prendas e mais prendas (mesmo quando não precisa delas), numa demonstração de força e realce de uma hierarquização cada vez mais vincada e distante, entre o topo (onde o "menino" está) e a base (o resto).

No dia em que o "resto"/base perceber que, sem eles, não existe topo (é impossível haver um topo sem algo por baixo), talvez cheguemos a Setembro sem o Campeonato estar decidido.
Talvez por saber isso, é que o pai do "menino" afirma que o próximo pai "só tem que não estragar" o que foi feito por mais de 30 anos, para manter a ordem social e hierárquica das coisas e, obviamente, que o "menino" continue a receber os seus merecidos presentes (que, na verdade, é o que mantém vivo).

6 comentários:

Anónimo disse...

O nosso treinador está a desiludir-me com a sua postura de leão manso em relação às arbitragens.
O Porto acabou de fazer mais 2 pontos através dum penalti fantasma, em que o jogador do Porto se atira deliberada e descaradamente para o jogador do Vitória e, depois, cai.
Acho o nosso treinador muito mole e os jogadores são muito influenciados pelo perfil, manso ou aguerrido, do treinador.
Também não gosto das substituições que faz, sobretudo a meio campo.
Começo a ter dúvidas quanto ao perfil de Leonardo Jardim para construir uma equipa aguerrida, sem o qual não é possível aspirarmos a nada de relevante.
Também não compreendo o silêncio dos nossos dirigentes quanto à nomeação de Paulo Batista, um árbitro que já boicotou jogos do Sporting.
DUARTE

Unknown disse...

Duarte Amigo Abre a PESTANA CARALHO...

Leão de Alvalade disse...

Cantinho,

Hoje, mais uma vez coincidimos no tema seleccionado para post.

Uma vez que dizes tudo acrescentaria que o caso Abdulaye é sintomático: até pode estar lesionado mas face ao que já assistimos no passado, ninguém acredita ou pelo menos fica muito desconfiado.

Abraço e SL

Lionheart disse...

Boa prosa, Cantinho. Apenas acrescento que o museu da tripalhada devia ter lá um espaço de homenagem aos árbitros, que tanto contribuíram para o palmarés deles. É uma injustiça os andrades não reconhecerem os contributos do Carlos Calheiros, Vítor Pereira, ou do Pedro Proença (ainda ontem esteve a "trabalhar" para eles, para ver se o Paulo Fonseca não quina já), entre tantos outros. Sem eles, nada disto teria sido possível. E de caminho podiam ter uma espaço interactivo com umas "baianas", a lembrar os incentivos aos bois de preto.

Mas a parte mais cómica é a associação desta organização ditatorial e mafiosa - o "eucalipto" do futebol português - à "liberdade"; isto para justificar a falta de títulos antes do 25 de Abril. Como se o futebol português no seu todo tivesse beneficiado alguma coisa com a hegemonia portista. Por mim podem colar-se ao abrilismo à vontade. A minha concepção de liberdade não tem nada a ver com quarteladas e esquerdalhadas.

Cantinho do Morais disse...

Duarte,

Não creio que Jardim deva incluir nas suas competências a avaliação à arbitragem. É deixar isso para outros, até para não desgastar uma imagem. É um tema desgastante e que engloba muitas batalhas. Jardim tem outra, o futebol do Sporting. Já lhe dá trabalho e desafios suficientes.
Mas é verdade que não gostei que tivesse incluido o Sporting no lote dos mais beneficiados (juntamente com Porto e Benfica), quando a História e realidade diz o contrário.


Leão,

A vergonha (ou falta dela) é tanta que esse caso dos jogadores emprestados é feito com clara convicção que toda a gente se sabe o que se está a passar. O ar comprometido de Rui Vitória a justificar a ausência do defesa diz tudo.
O mais curioso quando estava a escrever este post e a ler o teu veio-me a sensação que, os mesmos (com algumas nuances, mas poucas), podiam ser escritos acerca de outro clube, tal é a semelhança em tantos comportamentos e forma de encarar a "luta" pela vitória.
Ontem a gala dos "Ladrões de Ouro" foi um mise-en-scène excelente do que é o Porto e os poderes que move. Estava lá o poder político (autarcas, ex-presidentes da república e actuais ministros), a igreja e pessoas da cultura e artes. Tudo ao beija-mão porque, um dia (pelo menos), já beberam daquela máquina.
Se Francis Ford Coppola quisesse fazer um remake do Padrinho, bastava filmar a gala de ontem.
Grande abraço.


Lionheart,

Obrigado pelas palavras. Creio que a vergonha (ainda) não é assim tanta, ao ponto de colocar um lugar de destaque a essa corja que mencionou. Eu acrescentaria Mário Leal, Rosa Santos, Carlos Valente, Jorge Sousa, Duarte Gomes, Augusto Duarte, Benquerença, António e Paulo Costa, Isidoro Rodrigues, Martins dos Santos (o meu favorito), mas creio que não há espaço nem tempo para os mencionar a todos.
Mas não se preocupe, no coração do FCP (dirigentes, técnicos, jogadores e adeptos) esses senhores têm um espaço reservado, com muito carinho, amor e, acima de tudo, gratidão.
Liberdade e FC Porto? Creio que não há nenhum texto (o seu foi o primeiro) onde esses termos coabitaram.

Anónimo disse...

A verdade é uma só:é mais fácil colocar culpas nos outros do que reconhecer as próprias.

Reconheçam que desde 2002 até a data de hoje, os vossos presidentes só fizeram MERDA atrás de MERDA, e tal como o orelhudo lampião, quando algo corre mal, é mais fácil culpar os outros do que reconhecer incompetencias!

Esta época parece que a vossa equipa de futebol vai dar luta, mas sobre os golos em fora de jogo em Coimbra, contra os benfas e no Algarve que deram pontos preciosos ao vosso clube nesta mesma época nenhum comentário, certo?Tudo normal, certo?

Só falta dizerem que o 7º lugar na época transacta não foi vossa culpa!